Políticas ESG, sustentabilidade e compliance, quais os entraves e vantagens de “Começar do zero”?

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Segundo pregava o economista renomado Milton Friedman (1912 – 2006) “A responsabilidade social dos negócios irá evoluir os lucros empresariais”. Hoje parece ser algo que soa aos ouvidos com maior clareza e tranquilidade, porém, essa frase foi dita pelo economista no ano de 1970 e até hoje, muitos ainda não enxergaram esse ponto de vista.

Existem muitas empresas com executivos, gestores e até mesmo proprietários que estão pouco a pouco entendendo mais dos temas materiais do ESG, sustentabilidade e compliance, porém ao perceberem empresas citando compromissos de carbono negativo, uso de energia renovável e limpa, redução da pegada hídrica e outras frentes de trabalho arrojadas, acabam se desmotivando  e ao perceber o GAP existente entre o seu trabalho que ainda vai começar com essas empresas tão destacadas, prefere desistir de atuar nessa frente e buscar outras metodologias de trabalho para “Compensar” esse tipo de atividade. O que poucos destes percebem é que a cada dia o pensamento de Milton Friedman está entrando na cabeça dos pioneiros e inovadores e com isso os demais players de mercado vão ficando para trás.

 Pensando nesse problema que vem sendo corriqueiro, o gestor Luiz Otávio Goi Jr, descreve alguns pontos e questionamentos importantes para quem está entrando nessa jornada de cuidar do futuro mais sustentável, mas ainda não sabe por onde começar:

  1. O começo de tudo – O que devo fazer para pensar em sustentabilidade em minha empresa?

Essa pergunta é a mais importante, pois a partir daqui você retira a inércia das suas atividades e começa a agir com o fluxo de seu trabalho nessa visão. Para começar um programa de ESG, Sustentabilidade e Compliance é importante ter pessoas que conheçam o tema dentro da sua empresa. Sejam pessoas já estabelecidas no mercado ou aqueles que você pretende formar, estes precisam estar bem a par de todos os passos e estratégias para no mínimo atuar de forma consciente e a longo prazo. Após isso, deve ser desenvolvido o master plan onde pelo menos a empresa precisa ter um sponsor (que será o responsável por fornecer subsídios para o projeto funcionar – esse deve ser um membro da diretoria, CEO ou o proprietário), definir o gestor do máster plan (maior conhecedor das estratégias) e definir os focal points (pessoas que irão realizar as atividades em cada sub etapa – Governança, meio ambiente, responsabilidade social, compliance e outros). Esse master plan deve conter metas de curto, médio e longo prazo para o programa e dentro dessas metas ao menos a elaboração de políticas, levantamento de riscos e formação de comitês devem estar dentro dos primeiros objetivos. Com toda essa atividade elencada, responsáveis denominados e projetos estabelecidos, o plano de sustentabilidade começa e os projetos vão do papel à realidade.

  1. Fazer atividades dessa forma demora muito, como fazer algo que eu possa tornar público e atrair mais clientes de forma mais rápida?

Realizar atividades somente com o intuito de obter mídia de forma rápida é um péssimo caminho para quem deseja enveredar para a estratégia ESG. Empresas que têm esse perfil consolidado assumem compromissos a longo prazo e tem estratégias sólidas e com isso, pequenas atividades pontuais não são opção para quem deseja um resultado sustentável.

  1. Como colocar na cabeça dos executivos e conselheiros da minha empresa a importância de investir em estratégias de sustentabilidade e ESG?

Essa questão é muito comum e com ela surgem diversos paradigmas que só podem ser sanados com uma explicação de qualidade realizada pelo responsável pelos projetos. É muito importante que conselheiros e executivos tenham de forma clara o entendimento de que uma empresa competitiva precisa atender os anseios da sociedade (principalmente nos tempos em que vivemos) e com isso, aquelas que não tomarem essa frente estarão em um futuro de médio e longo prazo aptas a decair. Para o convencimento da alta cúpula é importante mostrar que atividades sustentáveis realmente precisam apresentar viabilidade financeira e com isso, de uma forma ou de outra o investimento retorna para redistribuição, portanto, a forma de demonstrar deve ser baseada na lucratividade futura somada ao impacto positivo na sociedade e no planeta.

  1. Minha empresa não tem mão de obra ou não deseja investir em gastos de pessoas exclusivas para essas frentes. Ela ainda assim pode ser sustentável?

Sim. A melhor sugestão para esses casos é partir para uma consultoria especialista na área onde sua mão de obra estará focada naquilo que conhecem e a consultoria fará o trabalho de desenvolver a estratégia ESG que é o seu Core Business.

  1. Minha empresa nunca teve problemas de corrupção, ética ou suborno, ainda assim preciso ter um projeto de governança para esses temas?

Com certeza. Algumas pesquisas realizadas no Brasil, demonstraram que em média 11% das pessoas comprovadamente desviam-se do cumprimento do código de ética das empresas que atuam e com isso, 10% das pessoas são suscetíveis a suborno e outras ocorrências antiéticas. Dentro dessa realidade, se sua empresa não estiver pronta para uma ocorrência desse tipo, quando ela ocorrer as dores da retomada serão muito maiores, portanto, estar preparado para os possíveis casos deixará a empresa mais alinhada às realidades e deixará os seus investidores mais despreocupados com esse tipo de situação.

  1. Muitas empresas estão se aproveitando para implementar atividades de diversidade e inclusão para ter somente holofotes. Devo gerar esforço para esse tema?

Com certeza sim. A diversidade e inclusão dentro das empresas já comprovou ser algo além de socialmente justo, produtivo. Algumas empresas de fato usam somente algumas questões de gênero, condição sexual e deficiência como holofotes, porém a responsabilidade de implementação é de todas as empresas e aqueles que o fazem de forma madura, obtém ótimos resultados.

  1. Minha empresa não tem nenhum programa implementado quanto a esses temas, mas não temos problemas com nenhum órgão fiscalizador e nem mesmo questionamentos de clientes. Ainda assim tenho que criar mais essa preocupação?

Esse talvez seja o fator mais determinante para dizer que sim. O melhor momento para implementar um trabalho nesses temas é quando tudo está acontecendo de forma fluida e sem stress. Isso ajuda a implementar o programa com menores traumas. De fato, empresas que não tem programas de ESG implementados, tendem a ter “poucos problemas”, mas na verdade isso ocorre porque não há discussão sobre o tema e ele fica escondido embaixo do tapete. A partir do momento em que se começa a discutir, as demandas aparecem e você perceberá que tem muito a fazer quanto a isso. Essas demandas vão aumentar mais e mais até que a empresa chegue em um nível de maturidade onde tudo ocorrerá de forma natural e dentro da rotina estratégica.

As dúvidas de quem está partindo do zero são muitas além disso a dificuldade de implementar os programas em ESG, Sustentabilidade e Compliance são grandes, quando somadas as complexidades políticas do nosso país, porém, o primeiro passo requer antes de tudo arriscar em algo novo e entender que o futuro do mercado será muito mais disputado e o cliente tenderá a ser cada vez mais consciente em seu consumo, principalmente na percepção da escassez de recursos naturais finitos. A empresa que tomar a decisão de sair da inércia ainda tem chances de ser pioneira em suas iniciativas e navegar no oceano azul de oportunidades em ESG que em até um ano será pioneirismo, em até cinco anos um diferencial competitivo e em até dez anos medidas obrigatórias.

Sobre Luiz Otávio Goi Jr

Com uma história de mais de 15 anos no mercado, o gestor empresarial Luiz Otávio Goi, tem desempenhado um papel importante no meio corporativo, desburocratizando e levando a gestão de negócios a um novo patamar. 

  Luiz se formou na área ambiental, se especializou em educação, saúde e segurança no trabalho, sistemas de gestão integrados e possui dois MBAs, Gestão empresarial e Sustentabilidade Empresarial. Ao longo de mais de 15 anos de experiência em gestão no ramo da indústria automobilística, de energia e bens de consumo se tornou gestor corporativo dos sistemas integrados de uma grande empresa, que conta com mais de 15 mil funcionários. 

“Precisamos criar um mundo corporativo menos crítico e mais colaborativo”. Afirma Luiz Otávio Goi jr. 

O gestor realiza um trabalho expressivo de divulgação de gestão empresarial e cultura corporativa de forma simplificada em suas redes sociais, e em mídias corporativas, a fim de promover a democratização do conhecimento. 

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Foto: Divulgação / Consultório da fama